Igreja do Loreto

Sede da Paróquia do Loreto, que agrupava a comunidade italiana em Lisboa, a Igreja de Nossa Senhora do Loreto era, no séc. XVI, uma das mais ricas e famosas igrejas de Lisboa, possuindo um importante e valioso recheio, vindo de toda a Itália. Sofreu um grande incêndio em 1651, mas foi o Terramoto de 1755 que mais a danificou. O templo atual foi reconstruído e restaurado em 1785 pelos arquitetos Manuel Caetano e José da Costa e Silva, figuras de referência da arquitetura pombalina e do neoclassicismo.  Constitui um conjunto artístico de arquitetura, escultura e pintura, cuidadosamente restaurado. A última campanha de restauro terminou em 2018, comemorando os 500 anos da sua edificação. Atualmente está confiada à Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos).

O exterior, de influência maneirista, apresenta uma frontaria dividida em três corpos, encimados por um frontão, onde sobressai a imagem da Virgem do Loreto. Sobre o portal, destaca-se o escudo de armas pontifício (sinal de que a igreja depende da Nunciatura Apostólica), com a figura de dois anjos atribuídos ao arquiteto e escultor italiano do período barroco, Francesco Borromini. Nos nichos laterais, erguem-se as imagens de S. Pedro e de S. Paulo, também em estilo italiano do séc. XVII. Por cima da porta, uma inscrição em latim regista: O que o Terramoto e a força violenta das chamas destruíram, a piedade italiana, de forma bela, restituiu. Ano do Senhor de 1785. Tem uma entrada lateral, a partir da Rua da Misericórdia, onde se destaca a porta de traçado quinhentista.

O interior, de nave única, revestido com mármores de Itália, apresenta doze capelas laterais. Do lado esquerdo, a partir da entrada da igreja, ergue-se a capela batismal, com uma imagem do Menino Jesus de Praga e os altares dedicados a S. João Baptista, a S. Francisco de Paula, a S. Carlos Borromeu, a Sta. Ana e S. Joaquim e ao Sagrado Coração de Jesus. Do lado direito, encontram-se os altares dedicados a S. Miguel, a S. Francisco de Assis, a Santo António de Lisboa, a N. Senhora do Carmo, a Sta. Catarina de Génova e a S. José. A capela-mor, de abóboda de berço e retábulo de mármore polícromo, acolhe a imagem da padroeira, Nossa Senhora do Loreto.

Destaca-se ainda o teto pintado, representando, no centro, a coroação de Nossa Senhora, da autoria de Pedro Alexandrino, pintor português da segunda metade do séc. XVIII. A coleção de pintura da Igreja do Loreto conta com obras dos portugueses Cirilo Volkmar Machado (1748-1823) e Joaquim Manuel da Rocha (1727-1786) e dos italianos Tagliafico, Francisco Rossi e Carlo Giuseppe Ratti. Na sacristia, sobressaem o imponente arcaz em pau santo, os azulejos policromados e pinturas de António Machado Sapeiro.

A Igreja do Loreto é um edifício histórico do Chiado. Aqui se realizaram alguns célebres atos litúrgicos, como, por exemplo, em 1804, o Te Deum mandado cantar pelo embaixador de França em honra da sagração de Napoleão como Imperador.  Icónico também por se encontrar no coração desta zona da cidade, muito procurada pela sociedade burguesa e liberal dos séculos XIX e XX, animada pelas tertúlias dos seus cafés e pelo bulício do seu pequeno comércio. Houve tempos em que a missa da uma hora, no Loreto, era ponto obrigatório para “meia Lisboa”…