Alexandre Herculano
A caricatura que aqui se representa é de Alexandre Herculano (1810-1877) no Chiado, junto do Jerónimo Martins, que vendia em Lisboa os seus produtos agrícolas com destaque para o excelente e premiadíssimo Azeite. O percurso normal de Herculano no fim da vida quando vinha à capital de Santarém conduzia-o à Rua Larga de Santa Catarina, onde tratava dos seus negócios, com a Casa Bertrand os livros, com o Jerónimo Martins o azeite… Na Bertrand conheceu José Fontana, e aí foi o primeiro subscritor do abaixo-assinado contra o fecho dos Conferências do Casino (1871).
Herculano é símbolo do século liberal português. A sua vida foi exemplo de retidão. Quando morreu o seu admirado rei D. Pedro V, na flor da idade, o jovem monarca que tudo prometia, o primeiro homem moderno em Portugal no dizer de Ruben A., Bulhão Pato afirmou que o Mestre chorou lágrimas verdadeiras.
No seu exílio de Vale de Lobos, em Santarém, tornou-se agricultor modelar, a ponto de o seu azeite ser um dos mais apreciados e premiados internacionalmente. O Azeite Herculano era um néctar de uma pureza fantástica, conseguido com muito trabalho, investigação e o conhecimento do que melhor se fazia na Europa.
Foi fundador da moderna historiografia portuguesa, por fidelidade às fontes autênticas. Um dia, perguntaram-lhe por que razão havia Portugal. O velho sábio respondeu pausadamente. «Se fizermos uma lista de razões para existir e para não existir, talvez sejam mais os motivos teóricos para não existir do que para existir… Mas nestes debates, a teoria é menos importante do que a experiência e do que a prática. – O facto é que existimos, há muitos séculos. Razão? – Somos porque queremos. Seremos enquanto quisermos!»…
Guilherme d’Oliveira Martins