Igreja de São Roque

Igreja de São Roque © Núcleo de Audiovisuais e Multimédia da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

Em meados do século XVI, a Companhia de Jesus, encontrando-se já bem implantada em Portugal, com o Colégio de Santo Antão de Lisboa e o do Espírito Santo em Évora, aqui funda a sua Casa Professa.

A história deste templo, remonta a 1506, quando o rei D. Manuel I solicitou a Veneza uma relíquia de S. Roque, santo conhecido pelos seus milagres contra a peste, a fim de proteger a população de Lisboa desta doença. Para a veneração da relíquia, foi construída pelos habitantes da cidade uma ermida junto a um cemitério das vítimas deste flagelo, no exterior da muralha fernandina. A Ermida foi sagrada e dotada de Irmandade, cerca de 1525.

Em meados do seculo XVI, a Companhia de Jesus, já bem implantada em Portugal,  procurando um local para fundar a sua Casa Professa, escolhe a pequena ermida de S. Roque, com os terrenos circundantes, para esse fim. A construção teve início em 1566, com planta e direção de obra de Afonso Álvares, arquiteto do rei D. João III e foi concluída pelo arquiteto e engenheiro italiano Filipo Terzi (1520-1597), autor de importantes obras em Portugal e responsável pela cobertura e pela antiga fachada maneirista desta Igreja.

Com o terramoto de 1755, o templo sofreu estragos na fachada e na cobertura, tendo recebido obras de restauro e melhoramento ao longo dos séculos XVIII e XIX.

Com a expulsão dos Jesuítas de Portugal, em 1759, a Igreja de S, Roque, os seus bens e os seus terrenos foram confiscados e vieram a ser entregues, pelo rei D. José I, à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

As linhas arquitetónicas da Igreja de S. Roque refletem o programa religioso da Contra-Reforma, saído do Concílio de Trento, e que a Companhia de Jesus introduziu e difundiu em Portugal. A fachada é de uma grande simplicidade, revestida de cantaria, organizada em dois níveis e encimada por um frontão triangular com um óculo iluminante. O espaço interior é definido por planta simples, de nave retangular e capelas laterais pouco profundas, onde se inscreve exuberante decoração de pintura, talha e azulejaria. Este modelo foi reproduzido noutras igrejas posteriormente construídas pelos jesuítas em Portugal, no Brasil e no Extremo Oriente.

A capela-mor é pouco profunda e está ladeada por dois pequenos altares. No retábulo maneirista, em quatro nichos, estão representados importantes santos jesuítas (S. Francisco Xavier, S. Luís Gonzaga, S. Francisco de Borja e Santo Inácio de Loyola). No retábulo, inscrevem-se sete quadros, que se vão alternando consoante os vários tempos litúrgicos: “Circuncisão”, “Descida do Espírito Santo”, “Anunciação”, “Presépio”, “Senhor Crucificado”, “Ressurreição” e “Assunção”. No centro, a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia.

A nave possui oito capelas laterais, sendo as do lado direito, a partir da entrada da igreja, a Capela da Senhora da Doutrina, a Capela de S. Francisco Xavier, a Capela de S. Roque e a Capela do Santíssimo; no alçado lateral esquerdo encontramos a Capela da Sagrada Família, a Capela de Santo António, a Capela da Senhora da Piedade e a Capela de S. João Batista, uma obra de arte única, encomendada aos artistas italianos Luigi Vanvitelli (1700-1773) e Nicola Salvi (1697-1751), pelo rei D. João V, em 1740. De salientar, também, a decoração do templo com talha, pinturas, azulejos e mármores, formando um excelente conjunto de artes decorativas de expressão maneirista e barroca. O teto, em madeira, constitui o único exemplar que resta, em Lisboa, dos famosos grandes tetos pintados do período Maneirista. Está decorado com pinturas trompe-l’oeil representando grotescos, um grande medalhão central, representando a “Exaltação da Santa Cruz” e dois painéis eucarísticos nas faixas laterais.

A localização da Igreja de S. Roque, confrontando com o Chiado, o Bairro Alto e o Príncipe Real, permitiu que assumisse uma importância primordial na vida da cidade e dos seus habitantes. Numa época em que a cidade deixa de caber dentro da muralha fernandina, nobres e burgueses queriam ter aqui o seu palácio, casa ou solar. A solene procissão do Senhor dos Passos, iniciada em Lisboa, em 1587 e que arrebatava multidões, tinha início em S. Roque e terminava na Graça. Era conhecida como a procissão da nobreza e, houve épocas em que a Família Real se deslocava a S. Roque, antes da saída da procissão, para beijar a imagem de Cristo.

Morada:
Largo Trindade Coelho
1200-470 Lisboa

Telefone:
213 235 065 / 449

Web site:
IGREJA - Museu de São Roque (scml.pt)