O Convento do Carmo de Lisboa é um dos edifícios mais emblemáticos e históricos de Portugal. Foi fundado pelo Condestável D. Nuno Álvares Pereira aquando da consolidação da independência nacional que se seguiu à crise de 1383-85. A primeira pedra foi colocada a 1389 e oito anos depois foi ocupado pelos frades Carmelitas de Moura, tendo sido doado à Ordem do Carmo, braço espiritual dos Hospitalários, em 1423. Este convento impressionava pela imponência da arquitetura gótica e também enquanto centro de poder, estudo e espiritualidade.
O terramoto de 1531 provocou a primeira derrocada, seguiu-se a reconstrução e, a partir de 1580, entrou novamente em declínio após a perda da independência de Portugal, tendo-se profetizado que se do Carmo «haja quietude, de todos os outros não há que temer». Nesse ano de 1580 partiram deste edifício os primeiros Carmelitas para o Brasil onde fundaram colónias em Olinda, Baía, Santos, Rio de Janeiro, S. Paulo e no Maranhão.
Em 1640 deu-se a restauração da independência nacional e a dinastia instituída na descendência do Condestável fortaleceu este Convento até à irreversível decadência provocada pelo terramoto de Lisboa de 1755 quando «caiu o Carmo e a Trindade» (frase imortalizada pelo povo). Seguiu-se a extinção das Ordens Religiosas, decretada pelos liberais em 1834, que terminou definitivamente com a função religiosa do convento. O Carmo, que desde 1801 servia de comando à primeira Guarda da polícia, a partir de 1845, passou a funcionar exclusivamente como quartel e Comando-geral das Guardas em Portugal. Aqui continua a funcionar o Comando-geral da GNR.
O Quartel do Carmo foi o último bastião da monarquia em Portugal que caiu a 5 de outubro de 1910. Na I República aqui terminaram diversas revoltas e revoluções. No dia 25 de abril de 1974 foi palco da «Revolução dos Cravos» que pôs fim ao regime autoritário de 48 anos em Portugal, dando lugar à liberdade e à democracia.
Visita guiada pelo Coronel Nuno Andrade (GNR)