Agenda

Exposições
Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
Rua Serpa Pinto, 4, 1200-444 Lisboa

“Só porque foi, e voou”

Partindo da leitura de “The Carrier Bag Theory of Fiction”, de Ursula K. Le Guin, o espaço expositivo opera enquanto recipiente, um contentor de diversas linhas de tempos e memórias de quem não é lembrado como herói, mas de quem coleciona e reúne (quase secretamente) objetos como relíquias do ser, do existir. 

Concomitantemente, ouvimos as estórias narradas pelas conchas, no ensaio “Shells and Time” de Italo Calvino, gravadas nas suas espirais, nas linhas 1do “caderno da terra” como centros múltiplos da ideia de cronologia, num tempo não linear, que não tem uma medida, apenas é. Derivando de cronologias tangentes, humanas e não-humanas, abordamos os tempos (não) presentes que, na contemporaneidade, se movimentam em direção a futuros possíveis.

Assente numa relação multidimensional, e multimodal, que reinterpreta o anacronismo, a transtemporalidade, a ficção, o temps mort, tendo o conto (e o livro) como pulsão centralizadora, Só porque foi, e voou, coloca em cena a investigação realizada pelos alunos do Curso de Mestrado em Estudos Curatoriais do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra em residência curatorial no Museu Nacional de Arte Contemporânea, no contexto da parceria com a UmbigoLAB e a Fundação Millennium bcp. Este projeto conta ainda com o apoio do Plano Nacional das Artes.

Fazendo dialogar um conjunto de obras do acervo destas importantes Coleções com a produção de artistas portugueses representados na Plataforma online, o espaço do Museu surge, nesta equação, como possibilidade ensaística, lugar de experimentação e hipótese. A prática curatorial enquanto prática investigativa (e aplicada ao contexto académico) encontra nestas relações uma metodologia atuante, própria do pensamento fluído e comunicante (porque plural).

Numa espécie de cosmologia em trânsito, obras de artistas como Aurélia de Sousa, Columbano Bordalo Pinheiro, José de Almada Negreiros ou João Cristino da Silva apontam, presentemente, para novas narrativas geradas no encontro que a rede UmbigoLAB potencia: dos livros de horas de Ana Frois, dos líquidos de Andreia Santana e Catarina Domingues, das memórias tornadas objeto de Carla Cabanas e Eunice Gonçalves Duarte, das vanitas de Inês Brites e Horácio Frutuoso, das esculturas-presenças de Carla Rebelo e Carolina Serrano, dos corpos esfíngicos de Francisco Trêpa e Fernão Cruz às imagens suspensas de Henrique Pavão, é ficcionado um conto-cesta a ser lido a diversas vozes.

Artistas que integram a mostra:

Ana Frois
Andreia Santana
Aurélia de Sousa
Carla Cabanas
Carla Rebelo
Carolina Serrano
Catarina Domingues
César Barreiros
Columbano Bordalo Pinheiro
Eunice Gonçalves Duarte
Fernão Cruz
Francisco Trêpa
Henrique Pavão
Horácio Frutuoso
Inês Brites
João Cristino da Silva
João Onofre
Joaquim Valente
José de Almada Negreiros
José de Oliveira Ferreira
José Simões de Almeida
Veloso Salgado