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Exposições
Brisa Galeria
R. Vítor Cordon, 44, 1200-484 Lisboa

“Planícies Ressonantes”

Um dialogo entre os artistas Daniel Mattar e Dudu Garcia, com curadoria de Heitor Reis.

O encontro entre dois artistas não acontece por acaso. É preciso haver sintonia, pontos de intersecção e que seja o momento certo. A exposição Planícies Ressonantes, de Daniel Mattar e Dudu Garcia, que a Brisa Galeria exibe agora é um desses casos. Onde o tempo, tema que permeia o trabalho dos dois artistas, funciona como o fio condutor para a execução das obras.

O tempo de Dudu Garcia, representado em suas grandes superfícies, que levam em cima materiais inesperados como carvão, pó de pedra, poeira, borracha e limo. Camadas e mais camadas, que se constroem e esfacelam revelando belas formas abstratas. Pinturas densas que falam da passagem do tempo, da erosão, da impermanência da vida. O artista desenvolve a sua pesquisa desde 2001 em torno da desconstrução, nos revela o que existe por trás das camadas densas de matéria, nos remete aos muros, ao que não vemos, à essência da pintura ou o que fica depois que se esvai. Um trabalho de criação e acaso, onde a matéria determina o resultado.

O tempo de Daniel Mattar, que pela primeira vez, trabalha com duas dimensões de tempo. O momento em que ele fotografa a superfície onde está o microcosmos por ele criado e, o segundo tempo, em que aplica assertivas camadas de matéria depois da imagem pronta. O resultado brinca com a visão do observador, não se sabe onde termina a fotografia e começa a pintura. Daniel, originalmente fotógrafo, vive hoje um novo momento, apresenta nesta exposição obras escultóricas. Os volumes que antes pareciam saltar de suas imagens, evoluíram e, agora, aparecem em chapas de alumínio retorcidas de maneira a dar ainda mais corpo à obra.

Dudu Garcia, natural do Rio de Janeiro, participa pela primeira vez de uma exposição em Portugal, enquanto isso, Daniel Mattar, carioca que vive em Lisboa, transcende a fotografia e apresenta esculturas. O diálogo exibido em Planícies Ressonantes acontece no tempo certo. Tempo de novos inícios para ambos. (Roberta Ristow, Lisboa 2022)