O que manifesta, então, a identidade cristã? Um objeto? Um enunciado? Uma prática? E como se realiza? Explicando as verdades da fé? Reclamando certos valores? Constituindo laboratórios hermenêuticos e performativos que impliquem e sirvam a vida, tal como ela é, de pessoas e de comunidades reais? Ligada a estas interrogações, coloca-se também a questão da relação entre a novidade cristã e a cultura, entre as forças evangélicas originais e as formas culturais particulares: de recuperação da hegemonia cultural perdida?; de separação do “mundo” e de refúgio no “espiritual”, renunciando à produção cultural; de exposição e de permeabilidade, em busca de novos instrumentos expressivos e performativos para a fé cristã?
Acolhendo a provocação inicial e as interrogações que lança, desejamos continuar a pensar criticamente a missão da Brotéria de promover encontros e de gerar diálogos entre a fé cristã e as culturas contemporâneas — será esta hospitalidade arriscada, este modo de proceder aberto a quem passa que, em primeiro lugar, deveria testemunhar a identidade cristã desta casa e deste projeto —, na convicção de que, hoje, este é também um dos desafios maiores para a Igreja nas nossas sociedades seculares e plurais.
P. José Frazão Correia SJ
É jesuíta deste 1995. Depois de estudos superiores em filosofia e teologia em Lisboa, Braga, Roma e Paris, doutorou-se em teologia fundamental, pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma. Foi professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, nos polos de Braga e do Porto. Foi Provincial da Província Portuguesa da Companhia de Jesus. Atualmente, faz parte da equipa da Brotéria, sendo diretor da revista homónima.
Duração: 1h30