A ópera, e em particular a ópera do século XIX, permite a mulheres perigosas resplandecerem de emoção, no palco, por algumas curtas horas – depois mata-as.” (Charlotte Higgins). E o público aplaude efusivamente a interpretação das cantoras, aplaudindo ao mesmo tempo a morte das mulheres que elas interpretam. A mala voadora recria finais de óperas em que morrem personagens femininas, centrando essa recriação nessas personagens e nas árias que cantam. E fá-lo intensificando a quantidade e a vertigem dessas mortes até que seja impossível não considerar a subjugação e o sofrimento que elas de facto implicam, para além da sua sedução operática. Uma ópera feminista.
Espetáculo falado em várias línguas, legendado em português.
Ficha técnica: mala voadora. Jorge Andrade com Mariana Magalhães, direção; Bárbara Barradas, Cátia Moreso, Eduarda Melo, Inês Simões, Joana Seara, Marco Alves dos Santos, Patrícia Quinta, Tiago Matos (canto) e António MV, Carlota Lagido, Cecília Matos, Manuel, Danilo da Matta, Francisco Rolo, Jorge Andrade, Mariana Magalhães, Pedro Tavares, Tânia Alves, Vítor d’Andrade (representação), interpretação.