De certo modo, o mundo distópico por si criado é-nos estranhamente familiar. A também criadora do colectivo NON, é de resto uma das vozes mais activas do momento – e não passou despercebida a Lee Gamble que a convidou para gravar um disco na sua label UIQ.
Nascia assim o fenomenal “7 Directions”, há quase três anos atrás, mas ainda hoje espécie de artefacto moderno. Poliritmia em choque com minimalismo, escuridão com raios néon e um incontrolável desejo de ascensão; as sete possíveis direções de Nkisi ainda estão longe de ser cartografadas, mas trazem um sentido de urgência inegável. Música libertadora, de transporte e renovação. Kolongo assina deste modo uma dedicatória especial, enquanto inspiração e orientação, a Kimbwandende Kia Fu-Kiau Bunseki, autor do livro African Cosmology of the Bantu-Kongo. Ao lado de nomes como Hieroglyphic Being, Gabber Mobus Operandi ou Lotic, a sua obra aporta um fluxo de energia em forma de som. Som bruto pronto a ser lapidado e refinado em algo mais, algo maior.
Nesta tour que já passou pelo festival holandês Rewire e pelo conceituado Centro Barbican, Nkisi chega à Galeria Zé dos Bois para uma noite de dança e evasão, sumariamente imperdível. NA
Duas das mentes que conduzem a Príncipe e que acumulam também já larga experiência, saber e energia atrás dos pratos, aqui em conluio de visão e força motriz para a dança. Fantasia é o nome usado por Nelson Gomes da Filho Único e dos Gala Drop para as suas estadias na cabine e na produção de malhas cósmicas informadas pela disco e house. Radical é o alias mais recente de Márcio Matos, dj e artista visual que tem vindo a desenhar uma linguagem total – tanto no traço como nas escolhas para a pista – tão sua quanto essencial para o estados em que as coisas estão. BS