As réplicas de Mahur Club, mixtape incendiária que atacou 2019 sem aviso, ainda se fazem sentir – e talvez mais que nunca. Daí adiante o mundo já cruzou uma dimensão de agonia e incerteza só reforçando a urgência de Maral. A produtora de Los Angeles é uma viajante pelos tempos, geografias e diásporas dispersas pelo tempo presente. Traça coordenadas inusitadas entre a folk iraniana, memórias dub, reggaeton distorcido ou house enevoada. Isto sem esquecer uma palpitante abordagem lo-fi que tudo parece unificar de uma forma inesperada. Experiência sensorial na sua raíz, Maral partilha da expressividade elástica de uns Black Dice ou Muslimgauze tendo colaborado com relíquias como Lee “Scratch” Perry, Penny Rimbaud (Crass) ou Panda Bear.
Um ano depois seguiu-se Push, talvez mais implosivo que explosivo, e no entanto, voraz na sua visão. O frenesim do ritmo e o surrealismo das vozes e samples são uma lição de psicadelismo pouco convencional. Uma belíssima coleção de bangers crús para o dancefloor e a más horas.
Em Outubro chega o terceiro disco Ground Groove. Com o selo da inquestionável Leaving Records, é de esperar uma nova instalação etnográfica sem precedentes.
Duas das mentes que conduzem a Príncipe e que acumulam também já larga experiência, saber e energia atrás dos pratos, aqui em conluio de visão e força motriz para a dança. Fantasia é o nome usado por Nelson Gomes da Filho Único e dos Gala Drop para as suas estadias na cabine e na produção de malhas cósmicas informadas pela disco e house. Radical é o alias mais recente de Márcio Matos, dj e artista visual que tem vindo a desenhar uma linguagem total – tanto no traço como nas escolhas para a pista – tão sua quanto essencial para o estados em que as coisas estão. BS