O disco, lançado em 2001 ainda sob o nome Chullage, tornou-se num marco basilar da poesia musicada em Portugal. Fruto de uma nova encarnação esquizofónica, Xullaji torna-se Prétu, um afronauta em viagem na dimensão sampledélica, onde se abrem os portais do tempo, uma interseção na espiral passada, presente e futura.
Neste concerto, formas de onda vibrando no espetro audível e inaudível conectam fragmentos de mensagens absorvidas em circuitos analógicos e retransmitidas em tecnologia ancestral africana. É uma densidade sonora onde, em cada volta, se revelam novos timbres. Novas vozes. Vozes negras. Ouvem-se ecos do escritor James Baldwin, dos históricos do PAIGC Amélia Araújo e Amílcar Cabral, da ativista Angela Davis, do filósofo Frantz Fanon e de outros tantos. Não há notas ou escalas; há texturas, frequências, harmónicos processados que alteram estados de consciência. A percussão distorce o tempo, percorrendo um caminho que justapõe futuro e tradição. Não há história, nem progresso, não há começo ou fim. Os sintetizadores aceleram partículas sonoras.
Concerto com legendagem em português e crioulo e coletes sensoriais para pessoas surdas.
Ficha técnica: Voz e percussão – Xullaji Voz – Alesa Herero, Raquel Levy Percussão – Mick Trovoada Guitarra e teclado – Henrique Silva Convidado no cavaquinho – John D’Brava Convidadas na voz – Ilda Vaz, Landim Convidado na kora – Braima Galissa