Agenda

Galeria Zé dos Bois
R. da Barroca, 59 . 1200-049 Lisboa

REIF c/ Richie Culver * carincur * Alcaide

Concerto agendado para 26 de janeiro, às 22h00, na Galeria Zé dos Bois

Richie Culver
Antro da normalidade situado na zona Este de Yorkshire, Hull não teria dado um contributo muito decisivo para a história da música no Reino Unido, não fosse essa mesma paisagem tépida aquela que deu vida aos Throbbing Gristle. Talvez outros fogachos tenham acontecido e Basil Kirchin viveu por lá alguns anos, mas para todos os efeitos, não existe um legado palpável que associemos a uma determinada movimentação musical como noutras latitudes mais reverenciadas – Manchester, Sheffield ou Bristol. Disco-reflexo do regresso de Richie Culver à sua cidade de origem, após paragens mais cosmopolitas, ‘I was born by the sea’ não procura achincalhar nem glorificar Hull, mas sim projectar um espelho retorcido mas não menos real da mesma, de giros mentais e físicos, de pequenos nadas que se transformam em tudo.
Já com um trabalho reconhecido nos meandros das artes plásticas e multimédia, ganhou especial relevância após a controvérsia e impacto viral que a pintura ‘Did U Cum Yet?’ gerou no Instagram, numa referência ao processo masturbatório que é apresentar arte nas redes sociais. Algo que indignou muita gente, deixou umas tantas a coçar a cabeça e gerou uma torrente de comentários que se transformou em livro – após o próprio Culver ter destruído a peça – e teve continuidade com o EP ‘Did u cum yet?/I’m not gonna cum’ assinado em colaboração com Blackhaine, e alavancando o interesse desta mente na música para algo mais expressivo. E igualmente pessoal.
Continuando a senda colaborativa já em 2022 com Pavel Milyakov tcp Buttechno em ‘A Change of Nothing’, Culver atira-se de forma revelatória à sua solidão em duas fases: primeiro com a edição de ‘Post Traumatic Fantasy’ pela muito activa Superpang e com o supracitado postal de vivências em Hull de ‘I was born by the sea’ pela REIF. Passeio por entre possíveis memórias e pedaços lacónicos de realidade despejados de maneira bem paciente em retalhos de spoken word que confundem significados e se encrustam no torpor das camadas de pads e acordes dolentes de sintetizador. Aparentemente ambiental no sentido algo contemplativo que aqui se ergue, a música de Culver escapa a essa sina sem se impor, reclamando a atenção por vias quase alucinatórias onde a palavra e o som se enredam em múltiplas realidades. Singular. Precioso. BS

Carincur, 1992, Artista transdisciplinar residente em Almada. Estudou Artes Visuais, Música no Conservatório Regional do Baixo Alentejo e é licenciada em Teatro pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Tem desenvolvido trabalho na área da criação, produção e gestão de eventos culturais, Direção Artística e Curadoria. Atualmente desenvolve a sua actividade artística num carácter exploratório, configurando-se em formatos híbridos entre performance, música electrónica e experimental, instalações audiovisuais, entre outras. Nos últimos anos, tem investigado e desenvolvido a sua prática como um evento dinâmico através de experiências simbólicas que dobram os tecidos sociotécnicos onde se tece a imagem do humano (normativo) num trabalho híbrido com a tecnologia. Passando por temas como a ficção/realidade, eletrónico/orgânico e subjetividade humana. Através do quadrinómio espaço/corpo/voz/máquina como principais materiais plásticos, explora fenómenos acústicos, percepção auditiva e visual, a voz como aparelho de síntese e a criação de vozes pós-humanas, usadas para entender as transições entre corpos orgânicos e electrónicos, onde quaisquer novas adições de tecnologia “externa”, são vistas como extensões do corpo. O seu trabalho sonoro já foi editado por editoras como a Weathervane Recs, Extended Records e ZABRA. Já lançou dois álbuns, “Sorry if I make love with sound” e o seu mais recente projecto “Echos from a liquid memory”. É co-criadora de Spectrum Awareness, projecto audiovisual com João Pedro Fonseca e João Valinho; Pertence à editora ZABRA Records, à plataforma YUUTS RUOY e é vice-presidente do ZIGUR, que organiza o festival anual Zigurfest. Das diversas colaborações e projetos em que participou e/ou participa destacam-se: “.G RITO” de Piny; “Apocalipse 2020” e “Temporary Palace” de Alice Joana Gonçalves & DADDY G (MASSIVE ATTACK); “COMO MATAR MULHERES NUAS” de Xana Novais; “La Vida es Sonho” da Companhia João Garcia Miguel. Já passou pelo Centro de Artes (Caldas da Rainha, 2013-2015), Centro Cultural Vila-Flor (Guimarães, 2015), Teatro-Cine de Torres Vedras (2015), Teatro Nacional S. João (2015), Silos-Contentor criativo (2015), Teatro Ibérico (2017, 2019), MAAT (2019), MNAC (2019), Rua das gaivotas (2020), MONO galeria (2020), TBA (2021), Galeria Zé dos Bois (2021) entre outros.

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