Com os Roll the Dice aprimorou a arte da composição e com Klara Lewis assinou um belíssimo retrato digital com o incógnito título KLMNOPQ. Pelo meio, contam-se as colaborações com Fever Ray e Blonde Redhead, assim como uma discografia a solo irrepreensível. As sementes da techno, as poeiras da afro e a distorção do punk industrial misturam-se numa festa meio demoníaca e extasiante comandada por um dos produtores mais despojados do seu tempo.
O arsenal de drum machines e sintetizadores que normalmente rodeiam o seu estúdio denunciam um criador frenético, curioso e exigente. O facto de chegar a tantos espaços, a partir de variadas abordagens, torna o acompanhamento do seu trabalho num prazer absoluto. Usa o humor de modo subtil, como forma de quebrar gelo, e não pensa duas vezes em ativar um oscilador para destabilizar o mood. Discos como Lines Describing Circles ou Controlling Body são autênticos compêndios dessa liberdade marginal e destemida que tão bem caracteriza Mannerfelt.
Na ZDB vem apresentar-nos novas frequência sonoras, ainda por identificar. Até lá, testemunhar a ocasião é também fazer parte da história ainda por escrever. NA
Moss Kissing é um músico, intérprete e investigador audiográfico sedeado em Lisboa. Os seus espetáculos ao vivo são provenientes de diversas fontes; dubstep e techno formam a base da sua arte sonora e performativa e o underground metal infundem a sua presença no palco. Primariamente, o seu trabalho procura estimular a dança e o movimento, atuando como um condutor de volta aos sentimentos que experimentou em espaços queer, raves e festivais. Autodescrito como Scott Walker com Breakbeats, há um elemento lúdico no seu trabalho, mas ele é completamente sério. Quanto à produção, Moss usa uma abordagem audiográfica. Usando sons do seu ambiente e das pessoas que habitam a sua vida, para criar texturas ruminantes que se combinam com ritmos complexos e graves palpitantes. Em breve estreará os seus álbum “Pass Through” sobre vinil para o colectivo lisboeta Vilamar.