Os jovens alunos das Academias de Belas-Artes, na década de 1850, tomavam como modelo a natureza e a verdade na arte e registavam, nos seus apontamentos artísticos, a descoberta do país, dos costumes e tradições.
Em finais de Oitocentos, a novidade consistia no registo dos valores atmosféricos, com Silva Porto e Marques de Oliveira, através de um novo conceito de representação da paisagem, entendido por Ramalho Ortigão, em 1883, como uma “fórmula naturalista de arte moderna”. Especialmente dotada de efeitos de luz, a que sempre se ligariam sentimentos de nostalgia e expressões dramáticas, as manifestações artísticas desta nova corrente convivem com a noção de paisagem idealizada que se dilui, na viragem do século XIX, em imagens fantasistas e sonhadas.
Uma nova abordagem da coleção, a partir da representação da paisagem, permite despertar novos olhares, entre o verismo e o simbolismo, revelando a presença humana nos caminhos, no reencontro da felicidade pela natureza e no dramatismo cénico do sentimento.
Maria de Aires Silveira