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Música
Galeria Zé dos Bois
R. da Barroca, 59 . 1200-049 Lisboa

Molero + Simão Bárcia

Num género musical – synth-music – composto, no presente, por reedições, discos reanimados após décadas de esquecimento ou de histórias falsas usadas para criar mitos fundadores com base em narrativas imagéticas que sustentam a própria música (Jürgen Müller e até Ursula Bonner), Molero surgiu em 2020 com um álbum que arrumava no presente uma série de ideias que bebiam dessa nostalgia, assentes na dureza do presente.

Era o primeiro verão da pandemia, “Ficciones Del Trópico” trazia muitas paisagens que eram um escape de um tempo incerto, construídas com um Yamaha CS-60, Roland Space Echo RE-201 e um Moogerfooger Murf.

Nascido em Maracaibo, Venezuela, Molero vive há vários anos em Barcelona. Deixou para trás uma carreira bem sucedida – a chamada vida normal – para se dedicar por inteiro à música. “Ficciones Del Trópico” existe com essa obsessão de quem passou anos à procura de uma ideia romântica de som e que a conseguiu concretizar. O ponto de partida, contudo, tem pouco de romântico: uma leitura de um sul-americano das leituras – e experiências – dos ocidentais da Amazónia / América do Sul, desde Anton Goering, Victor Segalen ou Werner Herzog.

As canções referem pássaros, animais e paisagens que estimulam a audição. Nunca se está no mesmo sítio em “Ficciones Del Trópico”, viaja-se por ficções, locais imaginados por interpretações, que são agora canções desenhadas por Molero. Confuso? Nem por isso, é uma reflexão de alguém inteligente e distante sobre ideias de exotica e novas formas de tropicalismo. Num mundo ainda tão povoado por interpretações ocidentais, a materialização em som destas ideias é refrescante. Um raro caso de synth-music selvagem misturado com uma abordagem doce e mágica sobre locais que a literatura, e outras formas de ficção, abordaram ao longo dos tempos com ideias do fascínio utópico colonialista. A música de Molero é um lugar fresco que procura um novo-novo.

A abrir, um lugar também novo. A guitarra de Simão Bárcia (Cíntia) será um início de caminho para se ir bem embalado para as florestas tropicais de Molero. AS

Simão Bárcia é um guitarrista português de rock, jazz e improv, residente em Lisboa. Faz parte dos Cíntia, banda de jazz/rock/musica eletrónica, que lançaram no final do ano passado o seu álbum de estreia “Sítio”. Faz também parte da banda de indie rock Biloba, que lançou este ano o seu EP de estreia “Biloba”. A solo toca música maioritariamente improvisada, a partir de músicas de universos musicais distintos, dando-lhes uma nova roupagem.

Bilhetes disponíveis em: https://zedosbois.bol.pt/