O conceito de mise en abyme começa por ser aplicado com a utilização desse mesmo texto, que aqui serve a dramaturgia do espetáculo, trazendo consigo a memória de outra peça ou filme. Importa aqui também que o texto pertença ao universo das artes plásticas, já que esse é um objeto de análise recorrente do Cão Solteiro em vários contextos. Sobre a sua construção, escreve Vieira Mendes: “Há uma ideia de desejo que assenta numa certeza no futuro. Ou seja, quando persigo o desejo, procuro satisfazer ou cumprir qualquer coisa no futuro (mais próximo ou longínquo). Essa coisa que persigo é estabelecida no presente. Isto implica olhar para o futuro como concretização de um pensamento do presente. É uma ideia de futuro que não está disponível para o imprevisto. O texto que construí, argumento cinematográfico, é uma tentativa de encontrar uma outra ideia de desejo e de relação com o futuro, que torne os sujeitos de desejo mais disponíveis para o inesperado. Isto corresponde a uma libertação do sujeito, bem como a uma vontade (desejo) de viver o futuro que vier como um presente em construção. E a construção ficará sempre incompleta porque entretanto o presente passou.”
Nenhum animal sofreu maus tratos, físicos ou psicológicos, durante o treino e/ou atuação neste espetáculo.
Horários: quinta, 20h; sexta e sábado, 21h
Classificação m/16