Nasceu em 2016, e em cada ano foram criadas peças que correspondem a um dia da semana. Cada peça marca um encontro com outra pessoa, sendo este um ponto de partida para outros encontros, nomeadamente com as escolas e a comunidade; com a ilustração, a escrita e o corpo criativo das peças da coreógrafa; com as conversas úteis entre Cláudia Dias e outros artistas, convidados e pensadores.
Nos meses de abril e maio vai ser possível agendar encontro com cada uma destas peças, que estarão em cena no Teatro São Luiz, em Lisboa. Cada espetáculo completa-se com um ciclo de conversas que contarão com a presença de convidados, que irão refletir sobre temas atuais da sociedade, pela qual deambulamos.
Sete Anos Sete Peças, as peças
“Quinta-feira: Abracadabra”, uma produção na qual Cláudia Dias e Idoia Zabaleta dão novos usos a palavras gastas. Partem do zero para voltar a combinar com as pessoas presentes os significados mínimos de cada palavra. É também um espetáculo sobre mulheres e palavras e o poder de umas e outras. No final da apresentação, e tendo como base o tema central da peça, acontecerá uma Conversa “Dias Úteis” alusiva ao tema “A Arte da Diferença”, com a presença da artista convidada Idoia Zabaleta, Sandra Benfica Teresa Coutinho. No Teatro São Luíz, no dia 21 de abril e também presença online no Festival Dias da Dança, no Porto, dia 28 de abril.
Em “Sexta-Feira: O fim do mundo… Ou então não” Cláudia Dias junta-se com os mais próximos para fechar a semana e imaginar o futuro imediato. Talvez o fim deste mundo seja apenas o começo de um mundo novo. O espetáculo estará em cena no Teatro São Luíz no dia 24 de abril, seguindo-se uma conversa, intitulada “A Arte da Fuga”, onde se debaterá temas como as alterações climáticas, a ameaça nuclear ou a digitalização do mundo. Esta conversa contará com as presenças de Antonio Jorge Gonçalves, Paulo Pena e Sandra Faustino.
“Segunda-Feira: Atenção à Direita!” junta Cláudia Dias e Jaime Neves num combate no qual de punhos cerrados lutam por sentimentos como a opressão da qual se libertam combatendo, opondo-se o sentimento de solidariedade, entre pares, que se reforça no combate quando se reconhecem como iguais. A conversa decorrerá logo após a apresentação da peça, numa viagem pelos temas da luta, a resistência, o colonialismo, a diferença entre o inimigo e o adversário, os limites da coragem física, o amor e o ódio. Contará com as presenças de Boaventura Sousa Santos e Álvaro Pato. A não perder no dia 27 de abril, no Teatro São Luiz.
“Quarta-Feira: o tempo das cerejas” chega ao Teatro São Luíz no dia 26 de maio. Neste espetáculo Cláudia Dias partilha o palco com Igor Gandra, diretor artístico do Teatro de Ferro, alusão a uma ligação direta a tudo o que é varrido para baixo do tapete ocidental. Uma peça que coloca passado e futuro em confronto, debaixo da terra/palco, onde os artistas mineiros, operários, escavadores, arqueólogos, sabe-se lá, escavam o passado e projetam o que poderia ser um futuro que muitos têm dificuldade de imaginar. A Conversa seguir-se-á sob o tema “A Arte do Fim”, com Igor Gandra, Ricardo Paes Mamede e Gaia Giuliani.
“Terça-Feira: Tudo o que é sólido dissolve-se no ar” encerra o ciclo de apresentação dos espetáculos “Sete Anos Sete Peças”, e no qual Cláudia Dias se inspira no universo dos desenhos animados de Osvaldo Cavandoli. Em palco, com Luca Bellezze, constrói uma narrativa visual, usando uma linha para contar a história de um menino de dez anos, cujos avôs foram expulsos primeiro da Palestina e depois do Líbano, e que viaja da Síria até Itália. 29 de maio no Teatro São Luiz, com a habitual Conversa “Dias úteis” sobre o tema “A Arte da Inocência”, ator e encenador Karas e como convidado Sahad Wadi.
Paralelamente ao ciclo de apresentação dos espetáculos, decorrerá no dia 28 de abril, no Teatro São Luiz uma conversa – A Arte de Aprender – que debaterá o tema da educação que contará com a presença de alguns dos intervenientes do projeto Sete Anos Sete Escolas. No dia seguinte, também no Teatro São Luiz decorrerá uma oficina – Imagens Desobedientes – na qual António Jorge Gonçalves criará um espaço de reflexão e na qual serão abordados temas como o ativismo, cartoon e imprensa, a arte urbana como ferramenta de representação social, e o humor como arma política.
Sete Anos Sete Escolas, a ligação do projeto à comunidade escolar
No âmbito deste projeto, escolas de Almada e do Porto foram desafiadas a criar espetáculos, vídeos ou exposições a partir de cada uma peça das peças coreografadas por Cláudia Dias. Mais de 350 alunos de escolas de Almada e Porto integraram ao longo dos anos este projeto. Este ano letivo, os alunos envolvidos tiveram como ponto de partida a peça “Sexta-Feira: O fim do mundo… Ou então não”. Alunos da escola secundária Cacilhas-Tejo, agrupamento de escolas Francisco Simões vão apresentar o resultado do seu trabalho numa exposição que estará patente, na Oficina da Cultura, em Almada entre os dias 21 de maio e 13 de junho. Os alunos da escola de Comércio do Porto e a Escola Profissional C.J. de Campanhã tem as suas oficinas agendadas para os dias 14 a 18 de junho.
Sete Anos Sete Livros
No âmbito do ciclo “Sete Anos Sete Peças” foi desenvolvido em paralelo um projeto editorial que consiste na publicação dos textos escritos para as peças criadas por Cláudia Dias e artistas convidados, destacando-os da sua tessitura teatral. Pretende-se, com esse gesto, dar maior visibilidade ao texto, inserindo-o num contexto de menor efemeridade do que aquele que as artes performativas proporcionam. Pretende-se, de igual forma, afirmar que a dança contemporânea é ela própria, lugar de produção literária. O ilustrador António Jorge Gonçalves possibilita novos enquadramentos e significados ao texto.
A série Sete Anos Sete Livros é publicada em parceria com o Teatro Nacional D. Maria II. Os três livros publicados, Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira, podem ser adquiridos na Livraria do Teatro Nacional D. Maria II.
Este ano o lançamento dos 4º e 5º livros da coleção dará voz a quem nele participar, numa oficina que decorrerá no dia 30 de abril no salão nobre do Teatro Nacional D. Maria II. Reproduzindo o seu processo de trabalho. que assenta na apropriação livre de texto e desenhos com o objetivo de construir objetos de pensamento social, Cláudia Dias e António Jorge Gonçalves fornecem regras de um jogo com palavras e imagens das obras da coleção, no qual cada pessoa irá construir um conteúdo, e partilhá-lo em grupo.