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Exposições
Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
Rua Serpa Pinto, 4, 1200-444 Lisboa

A Outra Vida dos Animais

A exposição apresenta cerca de setenta obras, dos artistas Ana Roque de Oliveira, António Manuel da Fonseca, Amadeo de Souza-Cardoso, António Soares, Dordio Gomes, Ema M, Henrique Pousão, Júlia Lema Barros, Júlio Pomar, Miguel Branco, Mikhail Karikis, Nelson Ferreira, Paula Rego, Pedro Proença, Rui Macedo, Sousa Pinto e TheLisbonWireman. 

Algumas obras foram criadas de propósito para esta exposição.

Com a curadoria de Emília Ferreira, Directora do Museu Nacional de Arte Contemporânea, esta mostra apresenta trabalhos de desenho, pintura, fotografia, escultura, instalação, vídeo e media art.

A perda de biodiversidade e de consequente sustentabilidade são temas centrais aos nossos tempos, em particular para as novas gerações. A proposta curatorial, subordinada ao tema “A Outra Vida dos Animais” e destinada ao público infantil, parte de pressupostos da tradição literária, artística e filosófica sobre os animais e no modo como a nossa relação com eles tem sido definida, moldada e vivenciada e como se tem transformado, sobretudo nos tempos mais recentes, alterando-se também a nossa responsabilidade na sua, e nossa, sobrevivência.

Estará disponível um catálogo, com duas edições, uma em português e outra em inglês. Através da Zoomguide – plataforma online – será também possível recolher informação sobre alguns dos artistas e obras expostas.

Patente até 28 Agosto, esta exposição conta com o mecenato da Fundação Millennium bcp, e com os apoios da Lusitânia Seguros, Hotéis Heritage e Tintas CIN.

CONTEXTO DA EXPOSIÇÃO

“A nossa espécie é contadora de estórias. E, desde a noite dos tempos, registou e recriou, a par da sua presença, a história dos animais que a acompanhavam. Ao longo dos séculos, os animais foram vistos por nós de muitas maneiras. No Egito, alguns foram considerados deuses. Noutras culturas, foram considerados importantes atributos dos deuses. Mas, em geral, foram vistos como muito diferentes de nós. Como se a nossa espécie fosse realmente superior a todas as outras e pudesse dispor das demais ao seu bel-prazer.

Inventámos-lhes características e poderes que, em alguns casos, resultam apenas da nossa poderosa imaginação. Mas a nossa imaginação condicionou a nossa maneira de ver. Durante muito tempo, o nosso olhar sobre as outras espécies ditou o que considerávamos importante estudar ou saber sobre elas. Víamo-las como coisas que podíamos possuir.

Destituídos de uma natureza igual à nossa, os animais não tinham direitos.

Na primeira globalização, a partir do século XV, quando navegadores e exploradores europeus, em especial espanhóis e portugueses, chegaram a outras paragens do globo, confrontaram-se não apenas com modos de vida e de pensamento humano diversos do seu, como também com espécies botânicas e animais que nunca tinham visto. No retorno de muitas dessas viagens, chegaram à Europa relatos, desenhos, e até plantas e animais (e, em alguns casos, até pessoas que, por terem hábitos e pensamentos diversos e aparência diferente da nossa, eram vistas como animais também). Esses espécimes botânicos e animais integraram coleções — a que se deu o nome de Gabinetes de Curiosidades — e contribuíram para nutrir ainda mais o conhecimento e a imaginação de escritores, artistas, cientistas e mais pensadores.

No século XIX, o cientista britânico, Charles Darwin (1809-1882), propôs uma maneira diferente de pensar o nosso lugar no mundo, integrando-nos na mesma história geral, numa linha evolutiva. Mais de cem anos depois, e depois de muitas extinções de espécies, causadas pela nossa, começámos finalmente a perceber que o que fazemos aos outros tem também consequências graves para nós.

As suas vidas, que temos mantido secretas e fechadas em imagens criadas por nós, são, afinal, muito mais ricas do que imaginamos. Percebemos finalmente que cada espécie que levamos à extinção não significa apenas a perda de beleza ou diversidade — o que já seria suficientemente grave —, mas que nos coloca, a nós também, mais perto do nosso próprio fim.

Continuaremos a manter secretas as vozes dos outros animais, levando-as até ao último e intransponível segredo — o do seu desaparecimento para sempre — ou conseguiremos dar voz aos outros e, com isso, perceber melhor a nossa própria voz?

Continuaremos a negar a nossa natureza animal?

Estas são algumas das muitas perguntas que pretendemos deixar-te nas mãos, com esta exposição, em que te iremos mostrar como alguns artistas de hoje, pegando no passado, fazem perguntas e contam estórias que nos levam a perceber algumas das muitas vidas secretas dos animais. Porque se grande parte da vida dos animais tem sido, ao longo dos séculos, imaginada por nós, o maior segredo é o que ainda estamos por descobrir. Em conjunto com eles.”, esclarecem Ana Vasconcelos e Emília Ferreira.

“A relação artística do homem com os animais foi uma constante desde o início da história da humanidade, tal como a conhecemos. A arte pré-histórica, pinturas e gravuras rupestres, a que muitos estudiosos atribuem

funções e características comparáveis as da arte atual, é um exemplo do início dessa interligação e da nossa inspiração no mundo animal.

“A Outra Vida dos Animais” é a nova exposição que temos o prazer de apresentar na Galeria Millennium bcp, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, com a curadoria de Emília Ferreira e colaboração da Ana Vasconcelos, da Casa das Histórias Paula Rego e do Museu de História Natural e da Ciência e de vários artistas contemporâneos. Esta exposição de animais reais e fantásticos conta com obras de desenho, pintura, fotografia, cerâmica, escultura e media art tendo sido pensada para um público mais jovem, mas onde todas as idades são bem-vindas. Convido todos os visitantes a envolverem-se neste olhar artístico sobre os laços que desde sempre nos ligam aos animais, para não esquecermos que, no frágil equilíbrio da Natureza, também somos uma espécie animal”, afirma António Monteiro, Presidente da Fundação Millennium bcp.