Em finais do séc. XIX e nos inícios do séc. XX, emergiu em Itália a denominada ópera verista, por influência da corrente literária homónima do realismo transalpino que procurava afastar-se do idealismo romântico.
Se a morte por doença, assassinato ou suicídio e outras situações infelizes ocorriam já nas óperas do romantismo italiano, nas veristas, a violência tende a ser exacerbada, ostentando-se na maior parte dos casos enredos centrados preferencialmente na vida e nas ações de pessoas comuns em situações, com algumas exceções, de contornos crus, sórdidos e brutais, confrontando o espetador com uma realidade desconfortável que lhe pode ser vizinha.
Neste contexto, destacou-se Giacomo Puccini, cujos temas e personagens são diversificados mostrando que a realidade seca, dura e violenta abarca universos múltiplos que atravessam o tempo e o espaço indo do ambiente histórico ao hodierno; da Europa à Ásia e América; do fantástico à mais comummente vida quotidiana das pensões, prisões, igrejas, conventos, bares, barcos fluviais, casas acolhedoras ou de pobreza confrangedora, gabinetes oficiais e até palácios, às vezes na mesma obra.
O verdadeiro centro nevrálgico da obra de Puccini é constituído por um conjunto extraordinário de mulheres que se entregam absolutamente ao amor e que, por isso, são inexoravelmente imoladas pelo Destino.
No dia 19, o Teatro Nacional de São Calos propõe uma deambulação por este fervoroso universo feminino, guiada pela voz de três das mais consagradas sopranos portuguesas da atualidade: Elisabete Matos, Dora Rodrigues e Carla Caramujo. Destaque incontornável para Elisabete Matos, já cantou muitas destas figuras em alguns dos mais afamados palcos do mundo, em cidadescomoNova Iorque, Florença, Berlim, Tóquio, Pequim,Verona, Veneza,Messina,Palermo,SantiagodoChilee Sevilha.
Ficha Artística
TEMPORADA DE CONCERTOS OSP
TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS
19 de setembro de 2020, 21h
As Mulheres de Puccini
Árias e interlúdios das óperas La bohème, Tosca, Turandot, Manon Lescaut, Madama Butterfly, La rondine, Le villi, Gianni Schicchi, La fanciulla del West, Il tabarro e Suor Angelica.
Sopranos: Elisabete Matos, Dora Rodrigues, Carla Caramujo
Direção Musical Joana Carneiro
Orquestra Sinfónica Portuguesa
M/6
Biografias
Elisabete Matos (Soprano)
Talvez a maior cantora lírica portuguesa, com 30 anos de carreira, é conhecida pelos seus papéis de soprano dramático com um repertório que passa pelos grandes compositores como Verdi, Puccini, Wagner e Strauss, entre outros. Tem atuado nos maiores teatros de ópera do mundo, como o Metropolitan de Nova Iorque, Scala de Milão, Staatsoper de Viena, Deutsche Oper Berlin, entre tantas outras, dirigida por grandes maestros.
É detentora de vários prémios em concursos nacionais e internacionais.
Dora Rodrigues (Soprano)
Fez a sua formação em Portugal, Itália e Espanha, vindo posteriormente a instalar-se em Inglaterra para integrar o European Opera Center.
Apresentou-se no Teatro São Carlos, Teatro de Modena e Ferrara, Teatro Real Madrid, TeatroLa Maestranza, Liverpool Philharmonic Hall, Saint David’s Hall, Casa da Música, Liverpool Hope University, Teatro Aberto, Teatro Cornucópia, Fundação Gulbenkian, Salle Jean Eudes, Pavillon des Arts de Ste-Adèle, Salle Claude Champagne, no Canadá, Kastel De Clee na Bélgica, Teatro Toti dal Monte em Treviso, Teatro Buonumore em Florença, Opera Narodowa em Varsóvia, St John’s Smith Square em Londres.
Carla Caramujo (Soprano)
Interpretou outros papéis operísticos em países e salas como o Reino Unido (Barbican, New Sage Gateshead Music Center, Edinburgh Festival Theatre), Uruguai (SODRE), Colômbia (Teatro Mayor) e Argentina (Usina del Arte), Gulbenkian, CCB e vários festivais nacionais e internacionais.
Recentemente estreou La Princesseem Orphée (Philip Glass) no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em São Carlos interpretou Contessa Folleville (Il Viaggio a Reims), Clorinda (La cenerentola), Gilda (Rigoletto), D. Anna (Don Giovanni), Adele (Die Fledermaus), Lisette (La rondine) e Princesse (L’enfant et les sortilèges).
Domenico Longo (Direção Musical)
Estudou com Donato Renzetti na Academia Superior de Pescara, diplomando-se com mérito.
Foi finalista no Concurso Internacional Mario Gusella. Colaborou com Dario Fo em Misterio buffo. Estreou-se em Lisboa com Macbeth com Angel Odena e Elisabete Matos, tendo regressado depois com Madama Butterfly, Cavalleria Rusticana, Turandot, e alguns concertos nos Dias da Música e no Festival ao Largo com Carmina Burana.
Dirigiu, entre outras, óperas como Pagliacci, Gianni Schicchi, Il segretto di Susanna, I Capuleti e i Montecchi, La traviata, Werther, Così fan tutte, Black el Payaso.
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Criada em1993, aOrquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) é um dos corpos artísticos do Teatro Nacional de São Carlos e tem vindo a desenvolver uma atividade sinfónica própria, incluindo uma programação regular de concertos, participações em festivais de música nacionais e internacionais.
No âmbito das temporadas líricas e sinfónicas, a OSP tem-se apresentado sob a direção de notáveis maestros, como Rafael Frühbeck de Burgos, Alain Lombard, Nello Santi, Alberto Zedda, Harry Christophers, George Pehlivanian, Michel Plasson, Krzysztof Penderecki, Djansug Kakhidze, Milán Horvat, Jeffrey Tate e Iuri Ahronovitch, entre outros.
A discografia da OSP conta com dois CD para a etiqueta Marco Polo, com as Sinfonias n.º 1, 3, 5 e 6 de Joly Braga Santos, que gravou sob a direção do seu primeiro maestro titular, Álvaro Cassuto, e Crossing borders (obras de Wagner, Gershwin e Mendelssohn), sob a direção de Julia Jones, numa gravação ao vivo pela Antena 2.