Etimologicamente, o termo Matriz encontra raízes na palavra latina “matrix,” que significa ventre ou origem e na palavra grega “m?t?r,” que significa mãe. Esta raiz etimológica, consagra em si mesmo o ponto de partida para a inteleção ecuménica do trabalho de Susana Cereja. Configura a base literal e metafórica de uma obra e de uma exposição que têm como esteio e matéria o tema da criação, da génese e da essência nutritiva do feminino.
Susana Cereja concebe aqui um território de conexões intrincadas entre o passado e o presente, apresentando uma obra impregnada de técnica, de tradição, de história e de memória coletiva. Essa técnica decursiva do labor comunitário converte-se neste contexto em veículo de reinterpretação mitológica onde se entretecem histórias de divindades e forças primordiais, concorrendo na contemporaneidade para a edificação alegórica de novos mitos, tecidos no tecido da consciência humana.
“Matriz” é um espaço conceptual onde somos convidados a contemplar visual, emocional e intelectualmente as origens da vida e da criatividade e a reconsiderar as nossas próprias origens e os fios comunitários que nos unem.
Através dos trabalhos que a compõem, perpassamos, obra-a-obra, as diferentes disciplinas e técnicas que Susana Cereja foi evocando ano após ano e, exposição adentro, alcançamos, no seu seio, imperiosamente, a obra que lhe dá nome e que na sua compósita complexidade e tridimensionalidade, assume o lugar e a condição de génese e de epílogo.