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Teatro
São Luiz Teatro Municipal
Rua António Maria Cardoso, 38, 1200-027 Lisboa

Fábulas Antropofágicas para Dias Fascistas

Este espetáculo usa marionetas clássicas e antigas fábulas para retratar e tentar entender o que se passa nos dias atuais, além de combater a ascensão ao poder de figuras histriónicas, ridículas, cruéis e populistas.

Era a noite dos tempos, a génese pagã, antes que o homem se livrasse dos seus cascos, dos seus chifres, do seu lado animal. Era o tempo depois da escuridão, o mundo estava cheio de frutos da terra e a galáxia regenerava-se após o cataclismo. Todos queriam acreditar que um mundo mais generoso era possível, apesar dos monstros que nos habitavam, apesar dos predadores à espreita que sempre nos querem devorar.

Este espetáculo usa marionetas clássicas e antigas fábulas para retratar e tentar entender o que se passa nos dias atuais, além de combater a ascensão ao poder de figuras histriónicas, ridículas, cruéis e populistas. O corpo humano e o corpo animal, o vivo e o artificial, a carne e a madeira, os fios e o sangue são aqui ferramentas para abrir novos espaços de discussão, pois até mesmo as fábulas exigem um certo protocolo antes do massacre.

Fábulas Antropofágicas para Dias Fascistas é um projeto cénico que utiliza marionetas de fios e máscaras hiper-realistas de silicone, cruzando artes visuais, teatro e filosofia contemporânea para refletir sobre o momento histórico em que vivemos, a partir da mistura das Fábulas de Esopo, com as obras de Márcia Tiburi, filósofa, artista, professora, escritora e investigadora do fascismo.

O humor nasce de situações absurdas, metáforas inesperadas, que procuram fazer o público refletir sobre os mecanismos do poder no seu quotidiano, através de situações em que os animais se devoram.

Com esta peça, como em todas as outras do seu repertório, o Pigmalião procura provocar o público, que geralmente subestima o poder catártico das marionetas, a refletir sobre situações que praticam ou de que são vítimas, sem que percebam.

Este espetáculo busca o reconhecimento do teatro de marionetas como suporte artístico da arte contemporânea, por meio do atrito entre o vivo e o artificial, entre o humano e o não humano. As marionetas tornam-se espelhos críticos, disfarçados pela ingenuidade que lhes é erradamente atribuída. As Fábulas Antropofágicas serão, portanto, mostradas ao público adulto, na esperança de ajudar a perceber as subtilezas do poder que o subjuga.

Espetáculo abrangido pelo Passe Cultura CML-EGEAC, disponível apenas na bilheteira do SLTM.

Espetáculo integrado no FIMFA Lx 2024

O Pigmalião Escultura Que Mexe é um coletivo de artistas que encontrou no teatro de marionetas o veículo ideal para desenvolver trabalhos no limite entre as artes cénicas e as artes plásticas. Criado em 2007 e sediado na cidade de Belo Horizonte, o grupo sempre procurou desenvolver espetáculos com profundidade conceitual e filosófica.

A sua trajetória está intimamente ligada ao teatro contemporâneo e às artes performativas, onde a filosofia e a política passam pela dramaturgia e encenação dos seus espetáculos. As possibilidades de manipulação da marioneta de fios clássica, bem como a relação dos atores com as marionetas e a pesquisa constante com outras disciplinas artísticas são os elementos fundamentais do seu trabalho. Assim, o Pigmalião Escultura que Mexe busca o reconhecimento da marioneta na produção artística contemporânea.

Eduardo Felix, o diretor artístico da Pigmalião, centra grande parte da sua pesquisa e os seus espetáculos no movimento das marionetas de fios, sendo reconhecido internacionalmente como artista e construtor de marionetas.

“Os criadores surpreenderam-nos agradavelmente com a sua estética minimalista e altamente eficaz desde o primeiro minuto do espetáculo: vimos sete marionetas que representavam diferentes animais (carneiro, raposa, alce, leão, etc.) penduradas com fios vermelhos no fundo do palco. Mais precisamente, não eram apenas animais, mas figuras antropomórficas: embora as suas cabeças parecessem animais amorosos, os seus corpos eram humanos, com a estrutura muscular visível sob a pele nua. Cada marioneta tem pormenores muito detalhados e belos: botas de cowboy, um cinto, etc. A base dramatúrgica deste espetáculo é uma interpretação poderosa das Fábulas de Esopo, que pretende explicar como e por que surgem os populistas no mundo, como tudo começa com o slogan aparentemente inocente Make the Forest Great Again, e como todos os sistemas autoritários acabam eventualmente por degenerar, sempre com o sacrifício simbólico de um ‘cordeiro inocente’ ou simplesmente de um ser humano. A companhia distinguiu-se pela manipulação muito delicada e profissional das marionetas, o que lhes permitiu criar personagens extremamente realistas, mas sem esconder os fios vermelhos e bem visíveis do controlo das marionetas, convidando-nos a ter presente que a imagem visível é apenas uma imagem inteligentemente construída.”

-Menu Faktura, www.menufaktura.lt

ENCENAÇÃO Eduardo Felix DRAMATURGIA Eduardo Felix, Márcia Bechara, livremente inspirado na obra de Esopo e de Márcia Tiburi INTÉRPRETES Aurora Majnoni, Eduardo Felix, Igor Godinho, Liz Schrickte CONCEÇÃO E ESCULTURA DAS MARIONETAS Eduardo Felix CONSTRUÇÃO DAS MARIONETAS Eduardo Felix, Mauro Carvalho, Márcio Miranda MODELAGEM DAS PEÇAS EM SILICONE Aurora Majnoni, Tom Pazzo DESENHO DE LUZ Marina Arthuzzi CENOGRAFIA E CONTRIBUIÇÃO NA ENCENAÇÃO Igor Godinho SONOPLASTIA Eduardo Felix CONSTRUÇÃO DOS OBJETOS Eduardo Felix, Márcio Miranda, Aurora Majnoni, Liz Schrickte, Igor Godinho, Matheus Carvalho PINTURA DAS MARIONETAS Analu Alves FIGURINOS Eduardo Felix COSTUREIRA Camila Polatscheck DESIGNER GRÁFICO Liz Schrickte FOTOGRAFIAS Henning Photo, Paolo Castaldi COPRODUÇÃO Festival Mondial des Théâtres de Marionnettes de Charleville-Mézières, L’Usinotopie, Fabrique des Arts de la Marionnette TÉCNICA Marionetas de fios

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