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Exposições
Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa
Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, 1249-058 Lisboa

Encontro entre Graça Morais e José Saramago evocado em exposição em Lisboa

A amizade entre a artista Graça Morais e o escritor José Saramago (1922-2010) vai ser evocada numa exposição com obras de ambos e inéditos de um coletivo de artistas na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.

Inaugura no dia 14 de março, às 18h00, na Cisterna da Faculdade de Belas-Artes, a exposição O Ano de 1993 — Graça Morais. José Saramago, com a Performance “Uma mulher ainda não parou o mais longo gemido da história do mundo (Revisitar O ano de 1993 de J. Saramago)”, de Silvia Penas.

Aborda-se, nesta exposição, a amizade e o fértil encontro entre o escritor e pintora, testemunhados pelos trabalhos agora expostos em reproduções de grande qualidade: 9 dos 10 desenhos feitos por Graça Morais para a segunda edição, há muito esgotada, do livro O Ano de 1993 (1987); e o retrato do escritor, executado algum tempo após o seu falecimento. O cruzamento entre a escrita de José Saramago e a pintura de Graça Morais é também evocado no projeto inédito concebido para esta exposição, os caligramas que animam o espaço expositivo, realizados por um coletivo de artistas-criadoras em formação na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Vigo, sob a direção de Sol Alonso.

O Ano de 1993 é um poema filosófico estruturado a partir da compilação de trinta textos alegóricos em prosa poética. O primeiro poema foi escrito em março de 1974, em resposta a uma tentativa de levantamento militar que visava pôr fim ao regime ditatorial português. A obra foi concluída e publicada em 1975, já depois da Revolução dos Cravos, num contexto de incerteza do rumo que iria ser tomado pela nova democracia. Daí a construção de uma narrativa não-linear que referencia a repressão sobre a sociedade, a resistência, a violência revolucionária e, sempre, o desejo de liberdade e a esperança.

Graça Morais produziu uma série de dez desenhos que estabelecem um jogo com a natureza fragmentária da narrativa saramaguiana. As suas composições apresentam figuras e ambientes que referenciam a guerra e a violência, o brutalismo sexual e o erotismo, encontrando correspondência nos textos de José Saramago. Contudo, a pintora recusou a ilustração direta, antes optando por (re)criar segmentos daquele universo onírico e poético, ampliando assim o seu valor estético e poético.

Esta mostra, bem como a performance de Silvia Penas, “Uma mulher ainda não parou o mais longo gemido da história do mundo (Revisitar O ano de 1993 de J. Saramago)”, foram concebidas em 2022 por ocasião da comemoração do nascimento de José Saramago (1922-2010) e, neste ano de 2024, não poderia ser mais pertinente a sua apresentação em Lisboa, assinalando duas outras efemérides: o 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974 e – feliz coincidência cronológica – os 50 anos de carreira da pintora Graça Morais (n. 1948). 

Comissariado
Burghard Baltrusch
Egídia Souto
Joana Baião 

Organização e Produção
I Cátedra Internacional José Saramago, Universidade de Vigo
Laboratório de Artes na Montanha – Graça Morais, Instituto Politécnico de Bragança
Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa 

Colaboração
CREPAL- Centre des recherches sur les pays lusophones, Université Sorbonne Nouvelle, Paris
Faculdade de Belas-Artes, Universidade de Vigo