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Exposições
Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
Sala dos Fornos. Rua Serpa Pinto, 4, 1200-444 Lisboa

Exposição “¿A Terra ainda é redonda?”, de Cristina Ataíde

A Terra ainda é redonda? … Esta é a questão que a artista Cristina Ataíde nos propõe em que apresenta as diferentes dimensões da alteração da matéria. A artista entrega-se às formas a partir de uma profunda consciência do tempo e do espaço, abraçando os seus ritmos. Nesta mostra, que apresenta várias obras criadas de propósito para o espaço da exposição, a artista ilustra a transformação que tem desenvolvido no contexto de uma observação atenta e cuidada da natureza mais crua.

¿A Terra ainda é redonda?

Cristina Ataíde ausculta as diferentes dimensões da alteração da matéria. Fá-lo entregando-se às formas a partir de uma profunda consciência do tempo e do espaço, abraçando os seus ritmos, de forma concentrada e com uma vocação pictórica contida que projeta, paradoxalmente, em obras de uma marcada presença escultórica. São obras que se baseiam na transformação, capazes de poetizar o tempo e suas circunstâncias, mas também de questionar criticamente o nosso lugar no mundo.

As obras de Cristina Ataíde têm contornos esquivos. Como num poema, a proposta do enigma permanece em movimento. Por isso, poderia dizer-se que, no seu trabalho, treme o possível. O pictórico é levado a uma situação limite, desde o desenho e a escultura, e o olhar traduz uma espécie de abismo que se apodera da experiência. Cristina Ataíde conseguiu definir seu próprio estilo e linguagem como uma necessidade interior, legando formas que se movem entre o topológico e o psíquico, capazes de conter a amplitude e a espessura do ar, da terra ou da água. Os seus desenhos, de inconfundível cor vermelha, baseiam-se na sua condição tátil, que a artista consegue obter através sua forma particular de trabalhar o pigmento em seco; parecem dominados pela pátina do desgaste, pela experiência do tempo, como se tentassem convocar-nos para uma intimidade sensorial.

Temos a mesma sensação ao chegar ao espaço expositivo do Museu do Chiado, onde algumas das nossas perceções são corroídas e se vêem envoltas por uma paisagem que deixa que a matéria se manifeste concebendo um lugar próprio, gerando diferentes graus de intimidade, que também são conduzidas a uma linguagem que se conjuga com uma cor, a qual funciona, em primeiro lugar, como uma escrita pré-verbal. Enquanto espetadores, situamo-nos na fronteira da perceção e do olhar, convertidos em observadores de uma espécie de respiração em que cada imagem física é acompanhada por uma imagem mental, onde cada pequeno detalhe atua como desencadeador.

Mais informação sobre a artista em http://www.cristinataide.com/