Império Pacífico
A maravilhosa ginga urbana dos Império Pacífico continua a abrir caminho à nova expressão eletrónica feita por cá. Desde logo, ressalta a abordagem orgânica com que Luan Bellussi e Pedro Tavares operam. A melodia apurada contagia os ritmos e cada detalhe num caleidoscópio sensorial infindável – surpreendendo e alinhando as coordenadas do corpo e mente. Pulsante e balsâmica, a música da dupla flui entre memórias de uma África digital, ecos de bass music e uma identidade, acima de tudo, orgulhosamente mestiça. As edições relativamente frequentes que vão surgindo imprimem forma a este percurso que conhecerá em 2023 um novo capítulo.
Clubs Hit traz um conjunto de oito temas dignos de um sol de verão tardio e inesperado. A leveza é real e sente-se através das canções repletas de visão periférica e instinto apurado – rumo a outros incríveis mundos. Verdadeira constelação sonora que a pouco e pouco se entranha na pele do dia-a-dia, num disco que se escuta e nos leva a submergir nele; um disco que simplesmente acontece. De resto, Panda Bear, Rabu Mazda, Simão Bárcia e Noiva surgem por aqui na qualidade de convidados, alargando a panorâmica destas paisagens – e o alcance da viagem.
De regresso à ZDB, os Império Pacífico preparam-se para estrear estas novas composições. Clubs Hit terá o seu eco nos próximos tempos, mas tudo deverá arrancar aqui, nesta noite. Imperdível. NA
Mantle of Gets é o novo moniker de Luke Williams (SKAM Records) que abraça mais uma vez a música libertando o vazio e a live performance. Com raízes que se estendem pelo norte de Londres e pelo centro do País de Gales mais escuro, encontramo-lo agora a abandonar o Reino Unido para uma fortaleza em Lisboa. O novo projecto Mantle of Gets identifica espaços generativos de transição e abstracções abrasivas, medidas maquinadas e pulsos melódicos camuflados. O primeiro trimestre de 2021 viu uma cassete concebida pela Bhatoptics na Miami Kingpin Schematic Music Company e outras aparições de convidados na plataforma de transmissão esotérica da SKAM Records, AMKS.
As gravações do catálogo traseiro como Quinoline Yellow e Tatamax podem ser narradas via Manchester Heavyweight SKAM Records, London’s Touchin’ Bass e a sua própria label Uchelfa Recordings. Os destaques das actuações ao vivo incluem a agora infame Warp Records Lighthouse Party, a Autechre comissariada pela ATP, festas e festivais SKAM por toda a Europa, e uma digressão pelo Japão.