Os livros de artista desdobram, ampliam ou expandem aquilo que ainda hoje se entende tipicamente pelo objeto “livro”. Nesta exposição procuramos, através do material apresentado, denunciar os processos de uma autêntica desobediência que os livros de artistas desencadeiam – quanto aos lugares da literatura e aos espaços expectáveis da arte. Assim, mediante uma surpreendente recolha de Manguel e natural afeição ao livro que a Brotéria promove, vemos a metamorfose deste meio, quando se manifesta fora de formato, à margem da categorização.
Toda a narrativa, tal como todo o pensamento, é declinado em imagens. Os processos da literatura, da alma, do mundo afetivo, da fantasia, do sonho, ou de qualquer delírio ou visão mística existem imageticamente. Como diz Manguel, “formalmente, as narrativas existem no tempo, e as imagens, no espaço”*.
Os livros de artistas lêem-se com os olhos da imaginação e por isso resistem e desobedecem até ao propósito com o qual são compostos. Nesta recolha descobrimos trabalhos de artistas, escritores, manifestantes, ou sonhadores. Por isso, estes livros são desobedientes à leitura, ou ao seu uso, ou à arte.
*Alberto Manguel, lendo imagens, p.24
Inauguração da exposição
Qui 15 set, 18h às 20h30
Esta exposição resulta de uma colaboração entre a Brotéria e a coleção do Espaço Atlântida/EGEAC — Centro de Estudos de História da Leitura.