Nestes dois anos, e em contracorrente com a dormência e tensão especulativa da pandemia, Melo Alves arrepiou caminho e tem idealizado novas formas e linguagens que tiveram um momento particularmente marcante com a actuação do seu magnânimo Omniae Large Ensemble. Avançado ao longo de 2022, Melo Alves regressa a este mistério pessoal que é o Conundrum, proposta brava que põe o baterista em duo com alguém que admira e com quem nunca tenha actuado antes, num total de seis encontros. O novo ciclo acontece em Julho com Sara Serpa, em Setembro com Ignaz Schick e em Novembro com Audrey Chen. Sem qualquer plano prévio ou estratégia, quebra-se assim o silêncio com uma música nascida de forma orgânica e aberta a inúmeras possibilidades, a vislumbrar um infinito.
Continuando o espírito de busca constante e em várias frentes deste ciclo, Conundrum prossegue com a sua primeira investida por territórios vocais na ZDB. Campo muito pouco trilhado este do duo percussão e voz, mesmo nos territórios da improvisação livre e do jazz, que deixa no ar expectativas francamente altas dada a companhia de Melo Alves. Vocalista, compositora e improvisadora com créditos mais do que firmados neste panorama, Sara Serpa tem sido amplamente premiada e elogiada por esferas de interesse que passam pela Downbeat, NPR ou New York Times, habitando com graciosidade um limbo entre o jazz mais mainstream e tendências mais exploratórias, súmula de técnica, lirismo, bravura e uma capacidade de evocar estados emocionais ou sensoriais sem recurso a palavras ou melismas performáticos. Pureza e saber. BS