A primeira tensão do cinema, enquanto arte fundada por um gesto mecânico que procuraria reproduzir, em primeiro lugar, a visibilidade do mundo, será sempre para com o invisível, para com aquilo que talvez exista, ou não, mas que em todo o caso não se pode ver, porque não tem forma, dimensão ou espessura que lhe permita converter-se em imagem.
A linguagem secreta do cinema – o seu gesto invisível – parte da sua vertente não material, da ordem do desejo e do inconsciente, recorrendo a todas as ferramentas convencionais que constroem o filme. Esta permite-nos atender ao tempo da intuição e dos sentidos através da articulação de instrumentos invisíveis: a insondabilidade de tudo o que parece não se explicar através de ferramentas analíticas e mecânicas, mas que decorre de impressões, abalos, emoções e desassossegos.
Num tempo, em que para existirmos somos impelidos à mais absoluta das transparências, poderá o invisível ser ainda um último lugar de resistência, de sobrevivência e do desejo?
Cada um dos curadores do ciclo estende este programa a um convidado que se propõe a responder à premissa primeiramente estabelecida.
Laura Gama Martins e Narciso Miranda
Sessão#3
QUARTA, 18 MAIO, 21h30
Une Histoire de Vent, Joris Ivens e Marceline Loridan (1988), 80’
Um velho homem viaja para a China para tentar filmar a imagem invisível do vento. No deserto, o homem aguarda que o vento acorde, mas o vento é traiçoeiro e não revelará os seus segredos facilmente.
+ Puçanga
No seu projeto musical, Puçanga lançou o álbum “Fazer da Trip Coração” (2021) através da editora Gruta. A sua música é uma mistura de sons eletrónicos dark com uma voz melódica. No seu trabalho, dá muita atenção ao poder da voz e as suas composições e letras são inspiradas num certo reinvindicar do folclore, no feminismo, em movimentos e ideias de justiça social. Ela é a compositora, song-writer e produtora musical. Está neste momento a finalizar o seu segundo álbum, a ser lançado em breve.
Entrada: 3€
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