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Galeria Zé dos Bois
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MC Yallah & Debmaster :: A lake by the mõõn

Após uma época dourada da bass music que trouxe, há já cerca de uma década, todo o dubstep e seus derivados, houve lições a tomar. Enquanto alguns produtores seguiram um percurso mais previsível, outros tomaram notas para evitar sinais de beco sem saída.

Poucos no entanto descortinaram outros mundos, e nesse sentido, nomes como Shackleton, Queen Warrior ou The Bug souberam elevar a fasquia. A aldeia global em que vivemos nos dias de hoje não tem limites e não será por isso surpreendente que seja do Uganda que encontremos uma das MC mais vitais do momento. MC Yallah fez furor no conceituado Unsound Festival e a sua música figurou em muitas das listas de melhores do ano passado. Assertiva, hipnótica e com boca de cheia de freestyles para todos os incrédulos.

Filiada à Nyege Nyege, casa bota-fogo que já dispensa apresentações, foi com o produtor francês Debmaster que encontrou as formas e cores para Kubali. Algures entre o rap e a dancehall, entre Jamaica e Londres, entre a paranóia e a revolução, nasce um disco sólido, sónico à sua maneira; no fundo, desafiante como só deve ser. Há verdade e há urgência ao longo destas músicas, como uma narrativa actual dos tempos conturbados em que vivemos. Soa venenoso por vezes, e desconcertante noutras tantas. MC Yallah busca um território livre de pré-conceitos, misturando e baralhando — com gozo e ironia — as expectativas que cada um traz perante um disco que é um rastilho vivo.

Numa apresentação ímpar por Lisboa, o duo transformará o Aquário num enorme soundsystem mental, daqueles que deixam saudades e lançam mito. Seguramente escutaremos mais sobre ela num futuro próximo, mas para já esta é um convite aberto a celebrar o aqui e o agora. Muito calor. NA

Num manifesto contra narrativas fatalistas e tech-optimistas, A lake by the mõõn convida-nos a escutar ativamente o nosso planeta e espírito. Com uma palete sonora totalmente criada a partir de sons de animais em vias de extinção, o produtor e ativista caldense, transporta as vozes destes seres vivos, dos seus ecossistemas em colapso, para um novo habitat sonoro de música electrónica orgânica.

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