Palácio Pinto Basto
Aqui funcionaram alguns dos primeiros hotéis da capital, como o Hotel Peninsular e o Grand Hotel du Matta.
A sua origem remonta a 1791 quando o comerciante Francisco Higino Dias Pereira mandou construir o edifício, no Largo das duas Igrejas (atual Largo do Chiado) junto do Chafariz do Loreto. Depois da sua morte, o imóvel passou por diversos proprietários e diferentes usos. Em 1802, aqui residia o representante diplomático da França e, em 1805, acolheu o General Junot e a Duquesa de Abrantes, funcionando como Estado Maior do exército francês. De 1809 a 1816, foi sede do Comissariado britânico.
Mas foi José Ferreira Pinto Basto (1774-1839), membro de uma família de comerciantes e industriais do Porto, que o adquiriu em 1820 e lhe deu carácter, quando se estabeleceu em Lisboa como Contratador-Geral dos Tabacos e das Saboarias. Para alem da atividade económica ligada ao comércio e à indústria, onde se destaca a fundação da Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, Pinto Basto teve uma ação marcante na vida política, social e cultural do país. Foi deputado às Cortes Constituintes de 1837 (por Aveiro) e de 1838 (pelo Porto), pertenceu ao grupo dos fundadores da Associação Mercantil (origem da Associação Comercial de Lisboa), da Companhia de Pescarias Lisbonenses e da Sociedade Promotora da Indústria Nacional, fez parte da Sociedade Patriótica de Lisboa (também conhecida por Clube dos Camilos) e foi secretário do Conservatório Real de Lisboa. Pinto Basto, alternava o seu local de residência entre o Palácio urbano no Chiado, onde vivia e trabalhava, e a Casa de veraneio no Alto de Santo Amaro à Junqueira, onde veio a falecer. Com a sua visão cosmopolita, entre 1820 e 1833 empreendeu uma campanha de obras que transformaram o austero edifício setecentista, dando-lhe a configuração e a ambiência artística de um cosmopolita palácio oitocentista, com a sua imponente fachada urbana, interiores requintados e aprazível jardim no alçado posterior. Adaptou o andar nobre a espaço residencial de fisionomia neoclássica, com a grande escadaria interior e a decoração de tetos, atribuídas aos pintores Pedro Alexandrino e Cirillo Volkmar Machado. Aqui recebia os amigos, entre os quais o Rei D. Pedro V.
Até final do século XIX, o Palácio manteve-se na posse da família, mas deixou de ser residência. Passou então por vários usos. Foi sede de instituições bancárias, comerciais e associativas e, até mesmo, de entidades públicas, e aqui funcionaram algumas dos primeiros hotéis da capital, como o Hotel Peninsular (de 1848 a 1889) e o Grand Hotel du Matta (1889). Depois de vendido pela família ao Comendador Nunes Teixeira, o edifício foi adquirido em 1902 por Josefina Clarice de Oliveira, Viscondessa de Valmor, que o transmitiu em testamento.
Em 1913, instalou-se no edifício a recém-fundada companhia de seguros A Mundial, e entre 1944 e 1950, o edifício teve obras de adaptação dos interiores, com projeto do notável arquiteto Porfírio Pardal Monteiro. No século XXI, o Palácio, propriedade da seguradora Fidelidade, mantem a sua identidade histórica e artística e compatibiliza o funcionamento dos serviços inerentes à atividade empresarial, onde se inclui uma galeria de arte dedicada à produção de artistas contemporâneos.
Lg. do Chiado, 8