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Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa
Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, 1249-058 Lisboa

Cri(tic)ar: pode a crítica de cinema ser um gesto artístico?

Nesta conversa propomos uma reflexão sobre a crítica como exercício de transferência mimética das objectividades subjectivas do crítico.

Carlos Natálio
Ricardo Vieira Lisboa

Que competências técnicas restam ao processo artístico senão o afiar do olhar? Como um lápis que vê com precisão todas as valências do mundo e do imaginário, observar é o ofício do crítico (de cinema). Isso e revelar aos outros o seu olhar. Mas como? Como perfurar o dilema da alteridade e transmitir a hipótese de um ponto de vista? Somente produzindo algo, num segundo grau – palavras de palavras, imagens de imagens, sons de sons, cores de cores – com equivalente poder afectivo da obra original que provocou a experiência. Uma crítica que possa incorporar em si algo do gesto artístico que anima a obra da qual se alimenta. Nesta conversa propomos uma reflexão sobre a crítica como exercício de transferência mimética das objectividades subjectivas do crítico. Um trabalho sobre o artifício das sensações, re-construídas no texto ou no vídeo, re-imaginadas na memória, re-inventadas na partilha com os demais. Porque – sim! – a crítica pode ser literatura e a crítica de cinema pode ser cinema também.

Carlos Natálio
Licenciado em Direito (Faculdade de Direito de Lisboa), em Cinema (Escola Superior de Teatro e Cinema) e mestre em Ciências da Comunicação (Ramo Cultura Contemporânea e Novas Tecnologias) pela FCSH- UNL. Nos últimos anos trabalhou do Departamento de Programação da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema. Ao abrigo de um programa de estágios internacionais e bolseiro do Estado Português trabalhou nas áreas de distribuição e produção numa produtora de cinema com base em Amesterdão (Visionat Media). De momento é bolseiro da Fundação de Ciência e Tecnologia e encontra-se a preparar a sua dissertação de Doutoramento dedicada ao tema “Cinema e Identidade”, na Universidade Nova de Lisboa, sob a orientação da Professora Maria Teresa Cruz e do filósofo francês Bernard Stiegler. Mantém desde 2009 o seu espaço pessoal na internet (Ordet) onde escreve regularmente sobre cinema e cultura contemporânea. É também um dos fundadores do site de cinema À Pala de Walsh.

Ricardo Vieira Lisboa
É licenciado e tem mestrado em Matemática Aplicada e Computação (IST) e em Cinema na área de Realização e Dramaturgia (ESTC). É programador no IndieLisboa desde 2014 e crítico no site de cinema À pala de Walsh, que co-fundou e coordena. Tem produzido comunicações e artigos académicos nas áreas da história do cinema português e do restauro cinematográfico, assim como organizado programas dedicados aos novos nomes do cinema nacional na Fundação Calouste Gulbenkian e no Reverso (edições 02 e 03). Como realizador, as suas curtas-metragens vêm sendo exibidas em festivais nacionais e internacionais.

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Still de Reflections on Black (1955) de Stan Brakhage.