Recentemente, a obra tem sido alvo de grande interesse e hoje é mais representada do que todas as outras óperas de Dvorák em conjunto. São Carlos assistirá à estreia de Dora Rodrigues no papel titular, secundada por um elenco maioritariamente português. O conceituado maestro Graeme Jenkins assegura a regência, com interpretação da Orquestra Sinfónica Portuguesa e do Coro do Teatro Nacional de São Carlos. O termo rusalka refere-se a um espírito feminino das águas na mitologia eslava. A trama contém, assim, elementos semelhantes a outras histórias de seres aquáticos que trazem a desgraça para si e para aqueles que amam: A Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen ou Undine, de Friedrich de la Motte Fouqué. A grande curiosidade da história é ter uma protagonista que a dada altura emudece. Oriunda desse universo romântico de lendas tradicionais, o imaginário de Rusalka faz uma síntese de diferentes versões do mito da ondina. Rusalka é uma ópera concebida sinfonicamente, expondo nos primeiros compassos da Abertura os dois temas primordiais. Destaque para uma ária que sempre foi popularíssima — a Canção da Lua, no I Ato, frequentemente incluída nos programas de concertos e de gravações de grandes sopranos. Alguns consideram também o dueto final — entre o Príncipe e Rusalka — um dos mais gloriosos momentos da história da ópera.
Rusalka op.114, Antonín Dvorák
Libreto: Jaroslav Kvapil